Entendimento, observação, intuição e sutileza no design

Da aula de design à ausência de processo estruturado em dois momentos brilhantes na concepção, elaboração e especificação de produtos na história do cinema

O Diabo Veste Prada e Air: A História Por Trás do Logo são duas produções do cinema em que é possível perceber narrativas visuais incríveis para se divertir, conhecer e, especialmente, refletir sobre concepção, elaboração e especificação de produtos. Um se deslocando quadro a quadro na riqueza e na sutileza de detalhes para influenciar o modo de se vestir na vida das pessoas, das mais simples às mais sofisticadas. O outro remete ao turbilhão urgente de uma ideia sem etapas de criação definidas – algo estupendo marcado em um calendário nostálgico da vontade e determinação. Atropelo bem distante de um processo na atualidade.

Dirigido por David Frankel, o Diabo Veste Prada, coloca na prancheta algo que parece corriqueiro e até com uma certa liberdade. Tudo é importante. Trata-se de uma estruturação criteriosa e pensada em todos os detalhes. O resultado é extraordinário. Não se trata apenas de concentrar esforços para a estruturação de um determinado conjunto de produtos. O resultado vai influenciar o modo de vestir e comportamentos de uma ou mais gerações. Simplesmente perfeito e organizado para isso: influenciar, ser a diferença. São detalhes precisos de um processo de criação que inicia aparentemente despretensioso, com alguns rabiscos no papel e avança absolutamente complexo e meticuloso, resultando em um processo rigoroso de detalhes etapa por etapa, um moodboard (painel semântico com  várias referências visuais, como imagens, textos e amostras de objetos, a fim de criar ou representar um conceito). Uma fabulosa lição sobre detalhes e das sutilezas invisíveis que serão responsáveis pelas escolhas que as pessoas fazem. Uma aula de processo de design, de indústria e de negócios.

Air: A História Por Trás do Logo, dirigido por Ben Affleck, que leva às telas do cinema os bastidores de criação da linha Air Jordan, em 1984, mostra a genial urgência da elaboração de uma marca, uma das mais icônica da indústria. Uma marca que está na vida de multidões e que se apresenta como estudo da disposição de pensar em algo gigante em um sopro. Uma imersão de muita vontade de fazer e pouca organização. O longa possibilita uma viagem nostálgica e se destaca pela forma como a marca é criada. Ou seja: pouco método, pouco processo.

Naquele momento, do passado em foco no filme para resultar em produto icônico, o processo era a parte de algo sem uma compreensão plena: Insight para o nome, virar a noite e fazer um produto. Essas são características de outros tempos. A criação passa hoje pela pesquisa e imersão. Avança para o desenvolvimento e elaboração. E por fim: analisar e acompanhar. E mais. A solução precisa começar por uma etapa que antecede tudo: entendimento e observação. 

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